Judas 1:1

Biblia Comentada Judas 1:1

"Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos que foram chamados, amados por Deus Pai e guardados por Jesus Cristo:" Judas 1:1

Comentário Bíblico de Judas 1:1

Também a presente pequena carta observa a forma epistolar antiga. Por isso cita-se primeiro o nome de quem nos fala através da carta. É Judas, escravo de Jesus Cristo, porém irmão de Tiago. Por Judas ser um nome muito freqüente entre o povo judeu, o autor imediatamente se apresenta de maneira mais específica. Faz isso de forma peculiar. Inicialmente acrescenta uma “definição de cargo”, que obviamente soa muito estranha para nós: Judas, escravo de Jesus Cristo. Os leitores da carta percebiam essa expressão de forma muito mais objetiva que nós. Havia escravos em grande número, e estavam também entre os membros da igreja. Um “escravo” é um ser humano cujo corpo e vida, com todas as forças e capacidades produtivas, pertencem a outra pessoa, a seu senhor. Judas diz isso à igreja repleto de alegria, assim como também Paulo se define como “escravo de Jesus Cristo” (Fp 1.1) em sua carta mais cordial e alegre. Judas pertence a ele, o “Senhor” que o “adquiriu”, arrancando-o assim do “âmbito de poder das trevas” (Cl 1.13), do “poder de Satanás” (At 26.18), do “príncipe deste mundo”, pagando por isso com seu sangue e sua vida. Judas pertence a Jesus Cristo por gratidão e amor. Em consonância com passagens do AT, esse nome era assumido por pessoas que de modo singular se encontram no “serviço” de seu Senhor, muito embora todos que de fato seguiram ao chamado de Jesus não pertençam mais a si mesmos, porém, comprados por alto preço, têm o privilégio de enaltecer a Deus com o corpo e a vida (1Co 6.19s). Judas não é um “apóstolo”. Mas os leitores de sua epístola tampouco devem considerá-lo um homem qualquer do cristianismo, que expressa sua opinião pessoal por meio desse escrito. Ele escreve em supremo serviço e suprema incumbência.
No entanto, visa sublinhar ainda mais a relevância de sua palavra e tornar-se particularmente conhecido dos destinatários de sua carta, de modo que acrescenta, com um “porém” enfático: porém irmão de Tiago. Esse nome possui boa fama em todo o primeiro cristianismo, até mesmo nas igrejas de cunho cristão gentio. No relato sobre o concílio dos apóstolos Paulo o cita em primeiro lugar, antes de Pedro e João (Gl 2.9). O nome também ocorre em At 21.18ss como personagem decisiva: era irmão de sangue de Jesus, o qual depois da ressurreição lhe concedeu um encontro pessoal, conduzindo assim à fé o homem que antes era descrente. Quem escreve como irmão de Tiago pode estar seguro da atenção dos leitores.
Tiago e Judas são irmãos do próprio Jesus! Contudo ambos conscientemente evitam apontar para esse fato em suas cartas. No passado realmente eram “irmãos” de sangue de Jesus, que não criam nele, mas o corrigiam de forma mais ou menos “fraterna” (Jo 7.3-5). Agora, porém, crêem em Jesus, e precisamente assim Jesus se torna para eles o kyrios, o Senhor diante do qual já não podem aparecer como “irmãos”, mas unicamente como “escravos”. Assim, de sua parte, rejeitam qualquer ligação terrena e por parentesco, externada pelo próprio Jesus com toda a aspereza (Jo 2.4; Mt 12.46-50). Como todas as demais pessoas, são “a partir de baixo” e, conseqüentemente, totalmente separados daquele que é “a partir de cima”. Aqui cessa qualquer “parentesco”.
À nomeação do remetente segue-se a indicação dos destinatários da carta. Sem qualquer referência ao local de residência, são descritos somente segundo sua natureza interior. Por essa razão não podemos saber com certeza para onde Judas enviou a carta. Resulta do conteúdo apenas que foi dirigida a uma igreja (ou igrejas), porque “ceias de amor” só acontecem em “igrejas”. Independentemente de onde essas igrejas se localizavam, devem ter sido igrejas nas quais o nome Tiago tinha uma forte aceitação, ou seja, devem ter tido uma conexão especial com a primeira igreja em Jerusalém. É verdade que também uma pessoa como Paulo conhecia e reconhecia a fama de Tiago, contudo é difícil que Judas tenha se dirigido a uma igreja “paulina” destacando, ao fazê-lo, seu relacionamento com Tiago. Ao ler a carta de Judas devemos situar os destinatários entre igrejas cristãs judeus do Oriente.
No conteúdo, porém, não é preciso dar um passo muito grande. Judas não considera uma “igreja de Jesus” de forma diferente de Paulo. Sua caracterização é “teocêntrica”, centralizada em Deus. O que se destaca na igreja não são suas qualidades ou realizações. Ela é o que é pelo agir de Deus. É unicamente sobre isso que se fixa o olhar. Seus membros são chamados. Entraram na congregação do Messias não por “obras” e “méritos”, mas pelo “chamado” de Deus, que implicava, com certeza na mesma intensidade para Judas e para Paulo, a “eleição” e o “ordenamento” de Deus (Rm 8.30). Da mesma forma como Paulo escreve (1Ts 1.4), também para Judas essa eleição e vocação divinas se originam do amor de Deus: esses chamados são amados em Deus Pai. Também aqui o Espírito de Deus é eficaz até nas formulações específicas. Os membros da igreja não são apenas amados “por” Deus. Poderia haver a conotação, na conexão com sua realidade de chamados, de que o amor de Deus somente existiria no começo da existência cristã. Não, são constante e continuamente amados em Deus. Como isso é consolador para igrejas que passam por grandes aflições e tribulações!
Ao mesmo tempo podem ter a certeza de que em todas as dificuldades serão preservados para Jesus Cristo. Quem de nós chegaria ao grande alvo se a fidelidade e paciência “preservadora” de Deus não segurasse nossa vida com mão firme? Neste aspecto, porém, é importante captar integralmente o teor da palavra. Não se trata somente da nossa preservação em si e de que “cheguemos ao alvo” pessoalmente. Somos preservados “para Jesus Cristo”! Portanto, também nessa preservação consoladora e pessoal podemos nos esquecer de nós mesmos e nos liberar de todo egoísmo devoto. Também nisso Jesus Cristo é o centro. Deus nos preserva para que a reivindicação dele sobre nós atinja o objetivo e o salário de seu árduo trabalho em nós não se perca. É evidente que isso constitui simultaneamente proveito para nós mesmos, porque nossa vida consiste em estar à disposição de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo a afirmação “preservados para Jesus Cristo” tem foco “escatológico”. No dia do retorno de Jesus deveremos estar preservados para ele. Assim, início e fim da carta se sobrepõem. O v. 24 tornará a apontar expressamente de forma escatológica para o “ser preservados de qualquer tropeço” e, conseqüentemente, para o derradeiro grande alvo de Deus.

Fonte:   COMENTÁRIO ESPERANÇA autor Werner de Boor Editora Evangélica Esperança

Bilbia Online: Versículos Comentados de Judas 1

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