Judas 1:4

Biblia Comentada Judas 1:4

 

Judas 1:3 "Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada[3] há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor."

 

Comentário Bíblico de Judas 1:4

 

Porque se infiltraram algumas pessoas que há muito foram de antemão anotadas para esta sentença: ímpios que pervertem a graça de nosso Deus em devassidão e renegam o único Soberano e nosso Senhor (ou: nosso exclusivo Soberano e Senhor) Jesus Cristo. Como Judas está próximo de autores como Paulo e João! Exatamente como esses apóstolos, Judas não cita nomes de adversários. Ele usa apenas o termo indefinido, mas muito característico tines = “alguns” ou “certas pessoas” (Lutero traduziu para “diversos”), que também está em 1Co 4.18; 15.12; 2Co 10.2; Gl 1.7. Eles se infiltraram, como também Paulo afirma acerca de seus oponentes em Gl 2.4. Evidentemente as pessoas que Judas tem em mente não apresentaram suas novas opiniões imediatamente de forma aberta e franca perante a igreja, mas inicialmente se deixaram acolher como irmãos autênticos, para aos poucos granjear influência e fazer propaganda de suas concepções. Talvez venham em parte da própria igreja, e vale para eles o que João viu em 1Jo 2.13 e Paulo referiu em seu discurso aos anciãos de Éfeso em At 20.31. A princípio aquilo de que essas pessoas precisam ser acusadas é expresso em uma frase fundamental, sumária. Uma clara “sentença” sobre eles é certa: são ímpios. Quase todos os tradutores explicam o termo como “pessoa sem Deus”, mas isso é questionável. Afinal, de modo algum se trata de negadores de Deus. Estão no seio da congregação cristã e acreditam até mesmo que conduzirão o cristianismo ao auge. Aqui tampouco se trata predominantemente de teorias e idéias, mas de sua vida prática, de sua “devoção”, de sua pietas. A acusação contra sua forma de viver é: pervertem a graça de Deus em devassidão. Não são “sem Deus”, visto que confirmam a seu modo a mensagem da graça de Deus. Ocorreu, porém, da parte deles uma “perversão” dessa mensagem, algo a que ela, aliás, sempre está sujeita. Paulo formulou essa perversão e distorção interpretativa de forma áspera em Rm 6.1: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” Também os apóstolos da
liberdade em Corinto, com o lema “Todas as coisas me são lícitas” (1Co 6.12), consideravam que a realização plena da vida acontece “somente pela graça”, “somente pela fé”, sem “obras”, justamente no fato de que a vida corporal, em especial na esfera sexual, estava entregue ao inteiro dispor do ser humano. De que importava a sublimes pessoas espirituais o que fazia seu corpo transitório? Que satisfizesse sua pulsão! O mesmo acontece com a devassidão, que se remete à “graça de Deus”, pensando dessa forma dar especial destaque a essa “livre graça”.
Judas constata com flagrante dureza que todas essas idéias representam uma perigosa perversão da graça de nosso Deus. Certamente ele é “nosso Deus”, o Deus que se volta a nós com toda a sua maravilhosa graça. Mas trata-se do Deus real e vivo, do qual Hb 12.29 afirma expressamente que também “nosso Deus” é um fogo consumidor. Não deixa de ser o Santo, que odeia o pecado, também em sua graça. É por isso que sua “graça” não propicia liberdade para o pecado, mas decididamente liberdade do pecado.
Ela realiza isso ao se vincular a Jesus Cristo, que carregou e expiou nosso pecado, e ao nos remeter, assim, igualmente a ele como nosso “Senhor”. A graça de nosso Deus não nos libera para uma liberdade em que não há um senhor e a conseqüente presunção autocrática, mas nos deixa “livres” pela entrega ao senhorio de Jesus Cristo. Por isso aqueles que pervertem a graça de Deus renegam simultaneamente ao único Soberano e nosso Senhor Jesus Cristo. Não constitui diferença significativa se vemos no “único Soberano” a Deus, o Pai, distinguindo-o de “nosso Senhor Jesus Cristo” ou se sintetizamos os dois títulos, designando a Jesus como “nosso único Soberano e Senhor”. Em 2Pe 2.1 o termo despotes é inequivocamente relacionado a Jesus Cristo. É algo que também terá de ser ponderado aqui. A essência é se reconhecemos voluntariamente nossa subordinação a esse “Soberano” e “Senhor” com gratidão ou se a negamos e nos esquivamos dele. Novamente não está tanto em questão uma “negação” intelectual, dogmática, mas muito mais a “negação” do senhorio de Jesus na prática da vida vivenciada.
Quiçá Judas, com essa frase, também aponte de maneira particular para o gnosticismo, ao definir Deus e Jesus Cristo enfaticamente como nosso “único” Soberano. O gnosticismo falava de “emanações” divinas, “eflúvios” ou também entes divinos intermediários entre Deus e o mundo. Isso convinha à religiosidade do mundo helenista, que apregoava, através de múltiplos cultos e santuários, muitos kyrioi, muitos “deuses” e “senhores”, deixando-os valer lado a lado. Por isso é possível que também os grupos “modernos” nas igrejas se tenham voltado contra a “estreita e unilateral reivindicação de que Deus é absoluto” da proclamação apostólica, renegando assim o verdadeiro direito de senhorio de Jesus Cristo. Para os novos mestres Jesus Cristo não é realmente o “Senhor” que determina sua vivência, não configura nem preenche sua existência. Neles, em sua palavra, obra e modo de agir não se consegue “ler exclusivamente Jesus e nada mais”.
Como, porém, esses destruidores da igreja foram há tempo de antemão anotados para essa sentença? Vários comentaristas que defendem que 2Pe foi escrita antes da carta de Judas opinam que Judas esteja recorrendo a 2Pe 2.1 e considere cumprida agora a profecia ameaçadora dessa passagem. Outros pensam que ele se refere a exemplos típicos do pecado e de sua condenação na história da antiga aliança, como em seguida passará a citar nos v. 5-11. Aqui há muito tempo teria sido anotada de antemão na Bíblia a sentença dos atuais falsos mestres. Em função disso seria chamada essa sentença. A rigor, porém, Judas não diz que sentença e juízo foram anotados para os hereges, mas, pelo contrário, que os próprios hereges há tempo já estariam “anotados” para a sentença. Tanto no AT como no NT a antevisão divina é ilustrada por meio das anotações em livro. Judas utiliza aqui essa metáfora familiar para fortalecer a igreja na luta contra os hereges. Não se contrapõe sozinha e abandonada a essas pessoas. Deus conhece esse pessoal e já os anotou há tempo em seu “livro”, precisamente para essa sentença.

 

Fonte:   COMENTÁRIO ESPERANÇA autor Werner de Boor Editora Evangélica Esperança

Bilbia Online: Versículos Comentados de Judas 1

 Baixe Livros Gospel Grátis Para Baixar è só Clicar nos Livros

 

Biblia Online NVI   Biblia Online NVI    Biblia Online NVI    Biblia Online NVI  Biblia Online NVI

Conheça Nosso Novo Site EBD Viva Igreja Forte