Mateus 3:2

Comentário Bíblico Mateus 3:2

"  Ele dizia: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo”. " Mateus 3:2

Comentário de (Mateus 3:1-2)

Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.
Apesar de João Batista ser apresentado ao leitor pela primeira vez, Mateus não informa nada acerca de sua origem. João é denominado expressamente o “batista”. O cognome não se pode encontrar em parte alguma do AT. No AT fala-se de João como “anjo”, o que “prepara o caminho”, o que “clama alto” e expressões semelhantes, mas não de João como o “batista”. Este segundo nome ele recebe somente no NT, e isso constantemente.
O que significa para João o batismo, do qual, como vimos, recebeu o cognome “o batista”? No tempo de João os judeus já conheciam, ao lado de vários tipos de batismos (no sentido de lavagens e banhos religiosos), um batismo único. Entretanto, esse batismo total executado uma única vez não era um batismo para os próprios judeus, mas sim para os pagãos que queriam passar para o judaísmo. Esse batismo único para os gentios significava um afastamento radical de todo o passado pagão e a decidida condenação do mesmo.
Se, a partir dessa observação, nos aproximamos do nome “o batista”, a palavra “batista” adquire vida e cor. Ao exigir o repúdio radical de todo o passado, o qual deveria evidenciar-se no batismo, expressa-se que o batizando tinha de dizer um decidido “não” à sua vida anterior e a suas tradições e costumes religiosos.
Como arauto do rei vindouro e de seu reino, João Batista considerava um tal batismo total como a única mas necessária condição para o ingresso no “reino dos céus”. Defendia-o a partir da convicção de que o atual povo de Israel tornou-se um acampamento de impuros, sim, é preciso dizer, um redil de pagãos.
Essa era uma pregação inaudita e terrivelmente dura de João.
Ao exigir o batismo, portanto, João colocava o Israel inteiro no mesmo nível dos pagãos indignos, que, na verdade, eram tidos pelos judeus como a escória da humanidade, miserável ralé de criminosos, como assassinos e devassos. Agora compreendemos bem o significado revolucionário e provocante do batismo de João. É por isso que se cunhou o termo fixo “João Batista”. Sabia-se muito bem o que estava contido nele.
Acrescentava-se ainda o seguinte: O local de pregação desse batizador não era o templo, com seu culto ricamente elaborado, equipado com todos aqueles meios disponíveis de expiação, válidos desde
os tempos dos patriarcas, prescritos em todos os detalhes… Não, o templo não era o local de pregação do Batista, e sim o deserto e os lugares ermos. Porque também isso era tão impressionante e revolucionário, a expressão “no deserto” é usada logo duas vezes (v. 1 e 3).
O que significava, afinal, o deserto no AT? O deserto é a terra do diabo, o local do terror e dos sobressaltos. De acordo com Lv 16.7-10, costumava-se, no dia da reconciliação, enviar um bode para o deserto, para ser destinado a Asasel. Com isso se mostrava que o pecado tinha sido levado ao lugar do terror, ao lugar do diabo.
Esse lugar de terror é, agora, o local de pregação de João Batista. Sim, é para lá, ao deserto, que o povo devia ir, para deixar os pecados lá fora.
Junto com o seu batismo o Batista “anuncia”, em segundo lugar, a palavra da “conversão”. De propósito não usamos o termo “arrependei-vos” (fazei penitência), mas em vez dela “dai meia volta”, “convertei-vos”. Essa palavra é bem conhecida no AT e no judaísmo de então. Traduzir o chamado de João e de Jesus com “fazei penitência” expressa de modo insuficiente aquilo que João e Jesus queriam, porque a penitência está marcada pelo sentido de penitenciar-se, expiar, reparar o erro. O chamado do Batista e de Jesus, porém, dirige fixamente o olhar para a conversão radical. Em todo AT não existe o conceito do arrependimento no sentido de pagar, expiar e reparar o pecado. Sempre é usado: “dar meia volta, renunciar”. São esses termos que deveriam ser usados, pois no NT a situação é a mesma. Em sua grande obra científica Die Umkehr, Bekehrung und Busse im AT… (Stuttgart, 1936, 460 p.), E. K. Dietrich escreve: “Não vejo uma razão científica para manter a tradução “fazei penitência”. – Sobre isso pode-se comparar também as afirmações de Schlatter, Feine, Pohlmann, Eckstein e outros. Também Schniewind opina que “a palavra „penitência‟ está sobrecarregada com idéias que levam exatamente para longe daquilo que a Bíblia fala sobre metánoia (a palavra grega para conversão). Todas as idéias de redimir-se, fazer reparação, encobrem o que é a metánoia bíblica”. Mais detalhes e aprofundamento em Rienecker: Begrifflicher Schlüssel zum griechischen NT. – No idioma alemão a penitência (Busse) tem ligação com bass, besser (= tornar-se melhor). Significa, como já expusemos, a “reparação de um dano”, pagamento ou substituição de um prejuízo. O acento está no “esforço, produção de uma substituição, satisfação”, a qual eu tenho que realizar.
Conforme já informamos, a palavra grega no NT para “conversão” é metánoia. O que significa essa palavra no grego secular? Indica a mudança do pensamento, precisamente no sentido de que intelectualmente mudei minha opinião sobre um ou outro assunto. No NT a palavra metánoia, por sua vez, não significa mudar a opinião sobre algo qualquer (talvez sobre algumas coisas), mas estende-se sobre a opinião toda e o pensamento todo da pessoa. A totalidade do pensamento e da atitude precisa mudar! No contexto secular essa palavra jamais foi usada com esse sentido.
A palavra metánoia, provida de novo e profundo sentido, constitui-se num dos conceitos principais do NT, sim, ela faz parte do que é mais essencial na própria fé cristã. A metánoia (= meia-volta, conversão) do NT considera a totalidade do pensar, sentir e querer do passado como inteiramente errado, como “longe de Deus”, até mesmo como sendo contrário a Deus! Portanto, conversão é a mudança de todo o pensar, sentir, querer e agir. Deus quer uma nova vida, não apenas uma nova mentalidade! Se a atitude geral anterior da pessoa foi uma conduta religiosa ou não, isso não anula a necessidade e incondicionalidade da exigência da conversão! Efetivamente, tal conversão radical e total permanece sendo a única premissa para entrar no “reino dos céus”.
Para darmos uma breve resposta à pergunta: A conversão é ato de Deus ou da pessoa?, citemos o seguinte aspecto: A pessoa não pode converter-se a si própria, mas pode deixar-se converter! – Nosso sim a ele, a nosso Senhor, origina-se unicamente do sim de Deus por nós. Nosso não, porém, é unicamente a nossa culpa!
Usando uma ilustração: Quando se joga uma bóia salva-vidas a uma pessoa que está se afogando e ela a segura, e de fato a agarra firmemente com toda a sua energia – a pessoa assim resgatada não pode dizer: Eu me salvei, mas terá de dizer: Eu fui resgatada. Da mesma forma, a pessoa salva terá de reconhecer: Se eu não tivesse agarrado com toda a seriedade aquela bóia, eu sozinho seria culpado da minha morte nas ondas.
Assim, ter sido salvo é um presente.
Afogar-se, porém, é culpa!
Conversão não é produto do esforço, mas dádiva!
Perder-se, no entanto, é culpa, culpa própria, cem por cento!
“Conversão é a premissa incondicional do novo tempo que irrompe, o reino dos céus.” Convocando com essas palavras em alta voz para a conversão, João reitera pela última vez, antes que venha o próprio Senhor, a exigência fundamental dos profetas do AT!
Mateus diz “reino dos céus”, num total de 37 vezes. É somente Mateus que usa essa expressão. Marcos e Lucas trazem “reino de Deus”. Essa última forma é usada por Mateus somente 5 vezes. Tecnicamente não há diferença entre uma expressão e outra. Por reverência, Mateus evita o nome “Deus”, motivo pelo qual não diz “reino de Deus” mas “reino dos céus”! Em lugar de “reino dos céus” talvez se poderia traduzir melhor com “governo dos céus”. Pois não se pensa em primeiro lugar num “reino”, no sentido de um espaço ou lugar, mas num reino no sentido de uma ordem vigente, uma ordem em que somente Deus tem o comando como um rei, e a cujo comando e governo a gente se submete sem restrições. É esse “governo de Deus”, o qual um dia será revelado total e plenamente com glória na nova terra, que João está anunciando e que já iniciou em Jesus e terá continuidade na comunidade de Jesus até os confins da terra.

 

Fonte:   COMENTÁRIO ESPERANÇA autor Werner de Boor Editora Evangélica Esperança

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